Bruna Lorrane é
paraense, nascida em Belém, no antigo Hospital Santa Clara, é filha de um oficial
da marinha e de uma professora. Família pequena, filha única, viveu a maior
parte de sua vida em Belém. Estudou em escola da marinha conveniada com o Governo
e teve uma educação religiosa, pensou até em seguir carreira por dentro da
igreja, espaço que frequentava desde pequena. Sempre foi uma das melhores
alunas da sala. Quando decidiu fazer universidade passou em duas: Serviço
Social na UFPA e Direito no Cesupa. Este ano se forma em direito pela UNAMA. Já
trabalhou no Ministério do Fazenda, montou salão de beleza, hoje trabalha na
Secretaria de Justiça e Direitos Humanos cedida do gabinete do Governador Simão
Jatene. Enfim, em tudo que se propôs fazer, Bruna se destacou como
exemplo.
A
fala é delicada, sutilmente delicada. Não há falsete. Ela anda sem rebolar, sem
estardalhaços, sem provocações. Não faz questão de chocar. A moça, de 25 anos,
além de elegante, é discreta. Tem o sorriso bonito, às vezes tímido, como se
ainda tivesse medo de sorrir. Dentes perfeitos. Olhos amendoados realçados com
lápis preto e sombra. Nas unhas, esmalte vermelho. Nos lábios, batom leve
rosado.
E daí? O que esta história tem de tão espetacular, além de revelar uma enorme capacidade de luta e conquista dessa moça? Quantas pessoas também não conseguiram tanto ou até mais? A história de Bruna começa a fazer toda a diferença quando se descobre que ela nem sempre foi Bruna. Como? Bruna é uma impostora? Usou documentos de outra pessoa? Fraudou exames? Mentiu para todos o tempo todo?
Nada disso. Na verdade, Bruna nasceu Bruno
Carlos de Andrade. Há alguns anos
iniciou sua transformação em Bruna, isso mesmo, Bruna Lorrane é uma Transexual.
Preconceito
Esta história começa pelo fim. Mas, para entendê-la, é preciso voltar ao começo. O menino Bruno sempre foi delicadamente diferente. “Aos 6 anos, minha família percebeu que eu não era como os outros meninos. Usava toalha na cabeça fingindo ser o cabelo que queria ter, adorava as bonecas, vivia em um mundo cor de rosa, já que por vezes fiquei só já que minha mãe trabalhava e meu pai viajava muito. Não me identificava com nada de menino”, conta Bruna.
Preconceito
Esta história começa pelo fim. Mas, para entendê-la, é preciso voltar ao começo. O menino Bruno sempre foi delicadamente diferente. “Aos 6 anos, minha família percebeu que eu não era como os outros meninos. Usava toalha na cabeça fingindo ser o cabelo que queria ter, adorava as bonecas, vivia em um mundo cor de rosa, já que por vezes fiquei só já que minha mãe trabalhava e meu pai viajava muito. Não me identificava com nada de menino”, conta Bruna.
Na adolescência,
amigos mais próximos e até alguns vizinhos, todos sabiam que o filho do marinheiro
e da professora era “diferente”. “Delicado demais”, cochichavam alguns, à
meia-boca. A palavra homossexual jamais fora pronunciada. “Só fui ter relação
aos 17 anos e com um garoto. Foi quando desabrochei e entendi o que era gostar de homens, mas
ainda faltava algo, não queria ser um
menino que gostava de outros meninos, queria ser amada como mulher.”,
conta Bruna.
Bruna se tornou adolescente. Na escola — e fora dela —, muitos foram os momentos de agressões verbais e humilhações, engolindo o choro o adolescente foi se afirmando como gay e se tornando um homem gay. Essa fase de afirmação era mais externa para enfrentar a sociedade do que interna, Bruno sabia lá dentro de si que era Bruna, uma mulher.
Bruna se tornou adolescente. Na escola — e fora dela —, muitos foram os momentos de agressões verbais e humilhações, engolindo o choro o adolescente foi se afirmando como gay e se tornando um homem gay. Essa fase de afirmação era mais externa para enfrentar a sociedade do que interna, Bruno sabia lá dentro de si que era Bruna, uma mulher.
Em 2005 entrou nas duas faculdades e começou a integrar o mercado de
trabalho, foi difícil para o rapaz gay com enormes trejeitos femininos
enfrentar o dia-a-dia do trajeto casa - trabalho- faculdade- casa, acompanhado
de ofensas, risos e piadas.
Já assumida em casa, porém, sem ainda uma relação de aceitação sólida,
Bruna decidiu se desligar de toda sua vida e iniciar uma nova. Sabia que tinha
que se afastar dos laços fortes que tinha com a família, mesmo com todas as
diferenças.
Foi ai que decidiu ir para
Europa. Foi lá, no ano de 2007, que Bruna estudou tudo o que podia sobre a
transexualidade e iniciou as mudanças físicas para tornar-se a Bruna Lorrane de
hoje. Cresceram os seios. As feições ficaram mais delicadas, mais femininas,
cabelos longos, corpo bem desenhado. Conquista através de cirurgias plásticas,
tratamentos estéticos, laser para depilação definitiva, dentro outro processos
algum, inclusive, incômodos e doloridos, a fim de obter o resultado de hoje.
Bruno retornou Bruna Lorrane,
retomou os estudos, engajou-se na causa, foi contratada pelo governo, montou Secretariado
Diversidade Tucana em seu partido, e a cada dia galga mais um degrau em busca
de seu sonho. Bruna Lorrane continua
lutando para ser aceita, para usar seu nome social, para transforma-lo em nome
civil, para adentrar no mercado de trabalho como a primeira Transexual
advogada.
E o que Bruna quer
mais? “Terminar minha graduação e continuar meu processo de formação acadêmica,
pós-graduação, mestrado em Direitos Humanos, viver com o meu companheiro e
lutar por todas as causas sociais e contra quaisquer formas de discriminação. É
isso que sonhei a vida toda. Minha luta não será em vão.”
Antes de qualquer
coisa, esta é uma história feita de demasiada coragem e superação.
Por Symmy Larat
Em 12 de junho de 2012.
Minha morzona.. te Admiro muito.. saudades
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